sábado, 20 de fevereiro de 2016

Apontamentos de decoração

Adoro utilizar pequenos tabuleiros como apontamentos de decoração. Podem ser redondos, retangulares, espelhados...cromados. A variedade predomina cá em casa. Confesso até que posso ter exagerado na quantidade...Mas adoro!
Não há divisão cá em casa que não tenha um! Fica tudo organizado e com um ligeiro toque de requinte.

Na sala
Nas casas de banho

Na cozinha


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O que muda quando vivemos no estrangeiro?

Este é o relato da minha experiência pessoal 

  • "Desaprendemos" a falar português
Quando mudamos para um país diferente, a tendência é aprender a falar um novo idioma. FANTÁSTICO! Até aqui, tudo maravilhoso. Mas, e quando a nossa língua nativa fica prejudicada? No meu caso, apesar de falarmos português em casa, as oportunidades para ter diálogos elaborados e complexos, são quase inexistentes.
Dou por mim muitas vezes, pateticamente, a tentar encontrar a palavra certa para me expressar ou tenho dúvidas ortográficas básicas que nunca pensei ter.
E o pior de tudo é quando, na mesma frase misturo o inglês com o português...é irritante!!!!!...mas frequente cá em casa :)Muitas vezes somos criticados por este comportamento, mas compreendidos por quem vive as mesmas experiências.
























  • Somos turistas no nosso próprio país

Passamos a olhar o nosso país com outros olhos: a saudade tornamo-nos  excelentes embaixadores do nosso país. Passamos a adorar a nossa pátria.  Quando vamos de férias visitamos locais turísticos, andamos de elétrico, de tuk-tuk, tiramos fotografias a monumentos, vamos ouvir fado, temos desejos de iguarias gastronómicas que são típicas da nossa cidade...enfim, queremos saborear cada minuto que passamos na nossa terra de origem e pensamos: "Porque não fizemos mais vezes isto quando vivíamos aqui?"

  • Aprendemos a dizer adeus
As lágrimas das despedidas no aeroporto, o som de uma música que nos aperta o coração quando nos lembramos de alguém que está longe, o colo da māe que não está perto quando precisamos, ou o silêncio doloroso que fica em casa após a partida de quem nos vai visitar é algo que nos transforma, que nos faz crescer, mas que dói... principalmente quando vivemos num continente diferente, onde a barreira oceânica tem um forte impacto emocional. 
Eu diria que a Saudade é  a doença crónica dos expatriados*.
A vida de expatriada também significa aprender a dizer adeus a novas amizades que vêm e vão cada vez que mudamos de país.
Contudo, com o passar dos anos, vamos aprendendo a lidar melhor com a saudade e com as despedidas. Hoje consigo reter mais as emoçoēs. Não creio que me tenha tornado mais insensível, creio que fiquei mais forte.
Expatriado - "aquele que vive fora do seu país, fora da sua pátria"



  • Temos objectos em duplicado

Acumulamos muitos objectos em duplicado que utilizamos em cada um dos países: 2 cartōes SIM para o telemóvel, 2 cartoēs multibanco, 2 chaves de casa, 2 tipos de moedas, 2 cartoēs de fidelidade de lojas e de supermercados, 2 cartões de identidade, 2 cartas de condução...

  • Ficamos peritos em mudanças e em fazer malas


Em cinco anos ja mudei 3 vezes de país e 5 vezes de casa. Criei uma checklist para cada vez que somos reaplicados noutro país para facilitar a transição e reduzir o stress deste período.Tenho aversão a caixotes de mudanças dentro de casa 1 semana após estar instalada. Este é o meu período de tolerância. Rapidamente tenho que sentir o conforto e a arrumação da nova casa.

Para além da prática de organizar uma mudança, quem vive no estrangeiro fica perito em fazer malas.  Criamos uma capacidade de nos concentrar no essencial...tudo cabe numa única mala! Aprendemos a respeitar lei da selectividade!!!!


  • Perdemos momentos importantes

Antes de partirmos para a aventura da emigração não temos uma noção real dos momentos importantes que vamos perder: vamos faltar aos aniversários dos nossos irmãos, sobrinhos, pais e avós. Vamos perder festas de casamento e peças de teatro de sobrinhos. Não vamos estar presentes quando alguém muito importante adoece ou vai para o hospital. Não vamos visitar a nossa grande amiga que foi mãe pela primeira vez...muitas vezes só vemos o bébé quando este já anda. Sentimo-nos impotentes quando sabemos que devíamos dividir a angústia da dor nos momentos difíceis e sentimo-nos tristes, com um aperto no coração, porque não partilhamos as alegrias nos momentos felizes.

Quantas vezes, para matar saudades e para vivermos na ilusão de que a família está na nossa casa o skype ou o FaceTime "sentam-se" à mesa connosco... 



  • Fazemos amigos para a vida
Os momentos de alegria ou os momentos de dor não têm hora marcada. Na maioria das vezes, quando precisamos, a família não está por perto. E por opção nossa, porque fomos nós que saímos...

Os momentos de alegria ou de tristeza são divididos com o marido e os filhos mas também com os amigos que vivem perto de nós e que nos entendem como ninguém porque também eles estão longe da família. Criam-se laços para a vida. E esta ligação é ainda mais especial quando vivemos noutro continente porque é com com os amigos que passamos o Natal, a Páscoa, os aniversários, as festas...mas é com os amigos que podemos contar quando estamos doentes ou necessitamos de apoio.
Não há barreira oceânica que separe estas amizades que são para a vida. Quando vivemos no estrangeiro os amigos são a nossa "família".

  • Sentimo-nos em casa em qualquer local do mundo

No meu caso, desde que esteja com o meu marido e as minhas três filhas, estou em CASA. 
No início, há 5 anos atrás não me conseguia sentir bem numa casa alugada, noutro país. Não me sentia em casa... tudo para mim era muito provisório e estava muito agarrada à minha vida antiga.
Esse sentimento mudou. Embora saiba que o novo lar continua a ser provisório, entendi que casa é onde está o amor, onde estamos nós os cinco. Sofro menos a pensar no dia de amanhã e vivo mais intensamente o dia de hoje.

  • Ficamos pessoas diferentes

Viver longe das nossas raízes é uma aventura.
É uma experiência de vida muito rica que nos abre novos horizontes. 
Deixamos marcas em muitas pessoas e muitas pessoas também nos marcam para sempre. Mas é uma luta diária. 
Os desafios são constantes. 
Saímos da nossa zona de conforto. Amadurecemos. Crescemos mais depressa.
Passamos a valorizar mais a família e os amigos.
Tornamo-nos mais pacientes.
Compreendemos melhor as outras culturas. Julgamos menos os outros.
Passamos por um choque cultural. Passamos por uma crise de identidade. Ficamos mais FORTES.